O Quênia voltou a mostrar o seu poderio nas corridas de rua. Desta vez, o país africano fez os campeões no masculino e no feminino, fato inédito na Maratona Internacional de São Paulo, disputada na manhã deste domingo, com largada e chegada em frente ao Obelisco do Ibirapuera. Rotich Solomon, de 24 anos, e Margareth Karie, de 26, foram os vencedores da 12ª. edição da prova, que reuniu o número recorde de 10 mil corredores nas provas de 5 km, 10 km e 42,195 km e na caminhada de 5 km.
A goiana Marizete de Paula Rezende, campeã da prova de 2001, foi a segunda colocada no feminino e a brasileira mais bem colocada na competição, seguida da baiana Marizete Moreira dos Santos. No masculino, o gaúcho Élson Gracioli foi o terceiro colocado, chegando atrás do queniano Charles Korir, vice-campeão. Adriano Bastos ficou em quarto lugar, à frente do queniano Benjamin Kiptarus, vice-campeão do ano passado.
Rotich Solomon comemorou bastante a vitória e o segundo melhor resultado de toda a história da competição, com 2h15min15s. Ele só perde para o recorde de Vanderlei Cordeiro de Lima, com 2h11min19s, obtido em 2002. “Achei a prova muito difícil e não esperava ganhar”, disse Rotich, que tem como recorde pessoal a marca de 2h11min24s, conseguida no ano passado com o sexto lugar na Maratona de Roma. “Estava bem treinado, mas senti muito o percurso.”
Desde a largada, dada às 9 horas, com 17 graus de temperatura e 63% de umidade relativa do ar, Rotich sempre esteve entre os primeiros. No início, esteve no grupo liderado pelo brasileiro Paulo Alves dos Santos e depois dividiu a primeira colocação com o compatriota Charles Korir. “Foi difícil manter o ritmo porque o percurso é bastante seletivo.”
No feminino, Margareth Karie comemorou o bicampeonato da prova. A primeira vitória foi obtida em 2004. Ela correu desde o começo com a certeza do primeiro lugar. “Corri com a cabeça, sempre respeitando o meu ritmo. Gosto muito dessa prova e se for possível quero corrê-la e vencê-la outras vezes”, disse a atleta, que pretende disputar no segundo semestre a Maratona de Chicago, nos Estados Unidos.
No confronto homem x mulher, Rotich Solomon saiu-se vencedor, ganhando um bônus de R$ 6 mil. No total, ele faturou R$ 24 mil em prêmios. Margareth ficou em segundo lugar na classificação geral, seguida de Charles Korir, Marizete Rezende e Élson Gracioli.
Desapontamento e festa – Entre os brasileiros o clima foi de desapontamento e festa. Marizete Rezende, por exemplo, não escondeu a sua tristeza pelo segundo lugar. “Estou um pouco desapontada com o resultado porque senti que poderia vencer. Cheguei com fôlego para brigar pelo primeiro lugar, mas infelizmente não foi dessa vez. Enfrentei bolhas nos pés desde o quilômetro 15”, disse a atleta de 31 anos. “Consegui ser a melhor brasileira, mas não estou feliz, porque poderia ter ido melhor. Cheguei na raça”.
Embora aborrecida, o tempo de 2h41min28s é o melhor do ano no ranking brasileiro. “Esta marca é a melhor do ano, mas vou tentar fazer outras provas fora do país para melhorar o meu índice para buscar uma vaga para o Pan 2007. Se ninguém fizer um tempo melhor, acho que já estou no Pan. Na verdade, ainda estou buscando o meu tempo ideal que é 2h35.”
Já Marizete Moreira dos Santos mostrou-se feliz com o terceiro lugar. “A corrida foi muito difícil, mas sempre tentei ficar entre as três primeiras para manter o ritmo. A prova é bastante imprevisível. Estou treinando desde março e meu objetivo era estar no pódio e estou feliz por ter conseguido este terceiro lugar”, comentou a baiana radicada em Brasília. “O momento mais complicado foi no km 35 quando senti dores musculares.”
No masculino, Élson Gracioli cruzou a linha de chegada fazendo o “aviãozinho”, consagrado por Vanderlei Cordeiro de Lima na Olimpíada de Atenas, em 2004. “O terceiro lugar foi maravilhoso, principalmente porque tive de superar cãibras no quilômetro 21. Precisei de muita concentração para manter meu ritmo, sem se importar com os adversários que estavam na frente”, lembrou o atleta de 32 anos, radicado em Rio do Sul, em Santa Catarina.
Adriano Bastos, assim com Élson, foi obediente taticamente e correu dentro de seus limites. “Meu objetivo era ficar entre os dez primeiros e fiquei surpreso com o quarto lugar. Fiz meu ritmo e fui esperando a ‘quebra’ do pessoal. No km 23 era o 13º. e no 33 já estava em quinto”, comemorou o tricampeão da Maratona Disney.
Sem a tricampeã Márcia Narloch, que desistiu da prova por causa de inflamação no ciático, os favoritos José Teles, campeão do ano passado, e Franck Caldeira, campeão de 2004, não suportaram o ritmo e abandonaram a corrida por volta do 31º. quilômetro.
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