O paulista Daniel Ferreira do Nascimento, recordista sul-americano dos 42,195 km, com 2:04:51, terminou em oitavo lugar, entre os top ten, na maratona do Campeonato Mundial de Atletismo do Oregon, disputada na manhã deste domingo (17/7), num circuito de 14 km, que teve largada em frente ao Estádio Autzen, do futebol norte-americano da Universidade do Oregon, que usa as cores verde e amarela, semelhantes as cores do Brasil, entre Eugene e Springfield.
Danielzinho esteve sempre no pelotão da frente, mostrando boa forma e completou a distância em 2:07:35. Não conseguiu acompanhar quando teve escapada no pelotão, caiu de rendimento na fase final, mas fez uma grande apresentação em sua primeira maratona num Mundial. A largada foi dada às 6:17 locais (10:17 no horário de Brasília), com 13 graus, temperatura inesperada para o verão norte-americano.
A competição foi dominada pelos etíopes:
Tamirat Tola levou o ouro, com 2:05:36, novo recorde do campeonato, e Mosinet Geremew ficou com a prata, com 2:06:44. O belga Bashir Abdi conquistou o bronze, com 2:06:48. Os principais quenianos ficaram de fora da competição este ano.
Os outros brasileiros da prova, José Marcio Leão, com o tempo 2:11:43, e Paulo Roberto de Almeida Paula, em 2:13:40, terminaram em 27º e 37º lugares respectivamente. A competição reuniu 63 atletas de 30 países.
Danielzinho comentou sobre a prova já no meio da tarde de domingo (17/7), várias horas após a corrida. "Olha, está doendo um pouco... Estou aqui fazendo a recuperação da prova", brincou. "Eu vou continuar trabalhando independentemente do resultado aqui. Vou seguir buscando a minha evolução, adquirindo experiência. Foi só a minha quinta maratona, tenho 23 anos", disse o fundista que voltará para o Quênia, mas descansa um mês antes da sua próxima maratona, no segundo semestre.
"O percurso tinha muito sobe e desce, na parte da floresta tinha umidade - saindo da floresta melhorava... Eles colocaram a maratona em um percurso difícil pra fazer uma prova bem disputada", lembrou - o tornozelo sangrando foi o resultado de pisões que levou em partes mais estreitas do percurso.
Mas disse que gostou da sua marca. E comentou que tem cinco maratonas, quatro abaixo de 2:10 (não completou a prova nos Jogos Olímpicos). "Corri 2:09, 2:06, 2:04 e 2:07. Eu quero conseguir me manter constante, manter uma média em 2:04. Mas eu me senti bem do início ao fim. E estava confiante. Agora é rumo a Paris-2024, é 'çava Paris'", completou, brincando com o termo em francês.
O treinador Jorge Luiz da Silva, que orienta Danielzinho desde o inicio do ano, disse que a estratégia era ir junto "na hora em que o pelotão começasse a se mexer", o que era esperado por volta do quilômetro 35. "Em virtude do que a gente estava treinando também e do que o Daniel correu em Seul, juntamente com o Geremew (que ficou com a prata) e com os outros atletas também." Mas o pelotão abriu mais cedo e Daniel precisou "ter paciência para sustentar o ritmo estabelecido naquele momento".
Sobre o clima ameno e o horário, o treinador lembrou a preparação de Daniel no Quênia. “A gente sempre acorda às 5 da manhã. Chegamos aqui em Eugene às 3 horas da manhã esta semana e já fomos treinar às 6 horas, justamente pensando nessa adaptação ao horário da prova e também ao estado biológico do que a gente já fazia no Quênia”, comentou.
José Márcio Leão disse após a prova. “Graças a Deus consegui fazer uma boa marca, de 2:11, no percurso que não foi tão bom. Quero agradecer aos meus amigos e a todos no Brasil que torceram por mim, principalmente o pessoal do meu Nordeste, do Brejão, de Garanhuns”, disse.
Já o experiente Paulo Paula lembrou ter pegado Covid-19, há um mês e meio, quando ainda estava no Brasil. Depois fez a sua preparação final na região do Porto, em Portugal. “Mesmo com o problema, consegui correr para 2:13. Aos 43 anos, sou o atleta mais velho na maratona no Mundial e consegui manter a performance”, continuou. “Rumo a Paris, em 2024, aos 45 anos para provar a todas as pessoas de mais de 40 anos que tudo é possível, é manter o sonho.”
Daniel é o recordista sul-americano da maratona, com 2:04.51, aos 23 anos. A expectativa é melhorar a marca com o passar do tempo. Nascido a 28 de julho de 1998, na cidade de Paraguaçu Paulista (SP), correu sua primeira maratona em maio de 2021, quando venceu em Lima, no Peru, garantindo qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, com o tempo de 2:09:04.
Em abril de 2022 correu a quarta prova de 42,195 km da carreira, a Maratona de Seul, na Coreia do Sul, em 2:04:51, superando a marca de 2:06:05 que era de Ronaldo da Costa para bater os recordes brasileiro e sul-americano. Agora é o primeiro não-africano na lista dos melhores do mundo. O fundista mora e treina em Kaptagat, no Quênia - local a 2.800 m de altitude.
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FEMININO
Gotytom Gebreslase se sagrou nesta segunda-feira campeã da maratona feminina do Mundial de atletismo de Eugene, coroando a dobradinha da Etiópia após a vitória de Tamirat Tola na prova masculina.
Gebreslase atacou no quilômetro 41 a queniana Judith Jeptum Korir, que ficou com a prata, para chegar tranquila na frente com um tempo de duas horas, 18 minutos e 11 segundos, recorde na história dos Mundiais.
O bronze foi para a israelense Lonah Chemtai Salpeter, enquanto a queniana Ruth Chepngetich, defensora do título, abandonou a prova no quilômetro 18 por problemas estomacais.
Aos 27 anos, Gebreslase chega ao seu primeiro título mundial, depois de vencer a maratona de Berlim de 2021 e ficar com a medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
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