Confirmando o grande favoritismo que carregava junto de seu nome, o queniano Eliud Kipchoge, dono do recorde mundial da maratona olímpica, completou os 42,195km na primeira colocação, com o tempo de 2h01m39s e entrou, aos 36 anos, para o seleto grupo de bicampeões da modalidade. Além dele, apenas o etíope Abebe Bikila (Roma, 1960 e Tóquio, 1964) e o alemão Waldemar Cierpinski (Montreal, 1976 e Moscou, 1980) haviam conseguido o feito.
A prova contava com três brasileiros, mas só um, Paulo Roberto de Paula, de 42 anos, conseguiu termina-la. Daniel Chaves e Daniel do Nascimento, desistiram no meio do percurso. Nascimento, inclusive, chegou a liderar a prova e se manteve, até os 25km, junto do pelotão da frente. No entanto, o paulista passou mal e não finalizou a maratona.
Completando o pódio com o queniano, estiveram o holandês Abdi Nageeye, que teve tempo de 2h09min58s, e o belga Bashir Abdi com 2h10min00s.
Brincadeira despretensiosa - Nascido em Kapsisiywa, no interior do Quênia, Eliud Kipchoge conheceu a corrida quando estava no ensino médio. Por conta própria, sem qualquer tipo de orientação profissional, começou a disputar competições locais e, por conta de seus bons resultados — como em 2001, quando, com 17 anos, ficou em segundo numa corrida nacional — chamou atenção de treinadores e patrocinadores.
No entanto, a carreira, que desde o início parecia promissora, teve de ser interrompida por um breve período. Em 2002, Kipchoge descobriu que estava com malária, logo após vencer uma seletiva de seu país que o renderia uma classificação para o Campeonato Mundial que aconteceria na Irlanda, e teve de ficar longe do atletismo durante toda a temporada.
Com isso, só em 2003 pode voltar as corridas. Nesse ano, participou do primeiro Mundial de Atletismo da carreira, em Paris. E, mostrando que não seria um atleta qualquer, conquistou o título logo em sua estreia, batendo 5.000m em 12m52s79.
Carreira de recordes - Já carimbado como um dos principais nomes do atletismo, Kipchoge conquistou a medalha de bronze em sua estreia olímpica, na disputa dos 5.000m nos Jogos de Atenas, em 2004. Na Olimpíada seguinte, em Pequim 2008, ficou com a prata na mesma prova.
Depois, colecionou participações sem sucesso em campeonatos mundiais e também não conseguiu vaga para as Olimpíadas de Londres. Com isso, Kipchoge fez a transição das pistas para as ruas e para distâncias mais longas, passando a disputar meias-maratonas e maratonas. Em 2012, estreou na meia-maratona em Lille, na França. Completando os 21,1km em 59m25s, o queniano conseguiu o terceiro lugar.
Já em abril de 2013, depois de vencer a meia-maratona de Barcelona, Kipchoge fez sua estreia na maratona de 42,195km, conquistando o título na Maratona de Hamburgo com o tempo de 2:05:30
A partir daí começou o reinado de Kipchoge na modalidade. Em 2014, se consagrou campeão das Maratonas de Roterdã e Chicago. No ano seguinte, venceu também as tradicionais Maratonas de Londres - onde foi bicampeão em 2016 e atualmente tem quatro títulos - e de Berlim.
E foi em 2016 que Kipchoge se consagrou no Atletismo. Com o tempo de 2h08m44s, o corredor venceu a maratona olímpica nos Jogos do Rio e conquistou sua primeira medalha de ouro.
Em seguida, também na Maratona de Berlim, em setembro de 2018, Kipchoge estabeleceu o atual recorde mundial da maratona, com tempo de 2h01m39s. Até então, o recorde era 1m17s acima. Em abril do ano seguinte, mais uma recorde. Dessa vez, da Maratona de Londres, com a marca de 2h02m37s — que só está atrás do seu próprio feito mundial.
Em outubro de 2019, em Viena, Áustria, num evento não oficial, criado especialmente para que Eliud Kipchoge tentasse bater a marca especial de 42,195km em menos de duas horas, o queniano conseguiu completar o percurso em 1h59m40s. Embora esse tempo não seja reconhecido pela Federação Internacional de Atletismo (IAAF) como recorde mundial, Kipchoge é considerado o primeiro homem a correr uma maratona em menos de duas horas.
E em 2021, nos Jogos de Tóquio, Kipchoge firmou de vez seu nome na mesma prateleira dos maiores do atletismo, conseguindo entrar no seleto grupo dos bicampeões olímpicos.
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